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Cenas Abertas - Espaço para a voz dos sócios
há 415 semanas

Abrimos este espaço para que os nossos sócios participem no boletim "Cenas", enviando textos, relatos, denúncias ou outras situações que pretendam partilhar e, desta forma, alargar mais o conhecimento das realidades deste sector. Enviem os vossos textos para o nosso e-mail. Publicaremos todos os textos também através dos nossos meios de divulgação na internet.

Obrigado.

 

SECTOR DOS ASSISTENTES DE IMAGEM: AUMENTO DAS TABELAS

 

Neste momento os assistentes de imagem estão a discutir aumentos das tabelas de referência que estão em vigor desde 2008. A grosso modo os aumentos incluem 5% para o primeiro e segundo assistente, 20% para o terceiro (assistente de vídeo) e a uniformização das horas extras passando a seguir o modelo da equipa de iluminação e de maquinaria.

 

A época de crise fez com que na publicidade se perdessem alguns direitos como o pagamento dos sábados, domingos e feriados a um valor superior ou o pagamento do dia de testes. Também a produção de longas-metragens foi afectada com a suspensão da atribuição de subsídios. Muitas produtoras de publicidade pediam descontos como prática regular. Não sou de maneira nenhuma contra os descontos, acho que devemos ajudar uma produtora que tenha tido um imprevisto principalmente se nos dá muito trabalho e se é de confiança. Mas não concordo que se façam descontos por sistema nem à partida (sempre com a promessa de “se me fizeres um favor eu dou-te mais trabalho”). Principalmente porque esta é uma forma de desvalorização que afecta não só o profissional que faz os descontos mas também a profissão.

 

Neste momento penso que o meio está diferente e que existe espaço para um aumento. Outros sectores também actualizaram as suas tabelas ou pensam em fazê-lo. Eu, mesmo tendo uma experiência profissional curta, sinto que, quando comecei a trabalhar em 2012, eram pedidos muitos mais descontos e que existia menos volume de trabalho do que agora. Por fim não podemos esquecer que estas são apenas tabelas de referência. Mesmo que o seu objectivo seja regulamentar as condições de trabalho, eliminando a remuneração como critério preferencial, cada assistente é livre de praticar o valor que desejar, mais elevado ou mais baixo, e de recolher os benefícios ou malefícios que as suas capacidades de negociação lhe possam trazer.

 

Na minha perspectiva, um profissional não deverá ter mais trabalho porque é mais barato, mas sim porque existem características pessoais e profissionais que o colocam numa posição preferencial face a uma produtora ou a um director de fotografia. Acho que este aumento dos valores de tabela, passados tantos anos, é muito importante. Não só porque, a realizar-se, será o primeiro aumento ao fim de oito anos, mas também, porque permitiu ultrapassar alguns ressentimentos criados nos anos em que a crise se fez sentir mais. Foi a primeira vez, após muito tempo, que se conseguiu criar um espaço de discussão aberta que visa o bem comum, entre os assistentes de imagem.

 

Joana Magalhães