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Trabalhadores do "Ministério do Tempo" com vencimentos em atraso
há 355 semanas

As gravações da 2ª temporada da série da RTP, "Ministério do Tempo", produzida pela Just Up, estão neste momento paradas. Havendo vencimentos em atraso, decidiram os trabalhadores interromper a produção, faltando ainda gravar 6 episódios para completar a 2ª temporada. 
 
O CENA-STE foi informado desta situação por vários trabalhadores entrando desde logo em contacto com a Just Up para encontrar resolução breve. No entanto, a produtora não respondeu aos nossos contactos. 
 
Hoje tomamos posição pública sobre esta questão, não o tendo feito antes por termos informações de que poderia haver desbloqueamento de verbas e não quisemos prejudicar essas diligências, mas entretanto, ontem, numa atitude que louvamos, o elenco fixo decidiu dar a conhecer as ocorrências dos últimos meses
 
A Just Up começou por co-produzir esta série a meio da 1ª temporada com a Inizomédia, assumindo depois a totalidade da produção na 2ª temporada. 
 
Das informações que dispomos, estimamos em cerca de 60 os trabalhadores que neste momento têm vencimentos em atraso e de que fazem parte actores do elenco fixo e adicional e elementos da equipa técnica. 
O CENA-STE conseguiu também apurar que os valores em dívida respeitantes ao mês de Maio chegam às centenas de milhares de euros. Alguns trabalhadores da 1ª temporada não têm também a sua situação regularizada. 
 
No audiovisual, infelizmente, estas situações vão-se repetindo com alguma regularidade. O CENA-STE não deixará de intervir nestes casos que dizem respeito ao direito básico e fundamental de ser remunerado pelo trabalho realizado. 
 
Esta situação é da total responsabilidade da Just Up, mas parece-nos importante que a RTP tome uma posição sobre este assunto, e é por isso que do comunicado do elenco fixo, destacamos o seguinte excerto: "(...) gostaríamos de deixar um forte alerta a todos os companheiros de profissão sobre o risco que corremos ao aceitar convites para trabalhar com algumas produtoras que, infelizmente não merecem a dedicação dos profissionais que tudo fazem a bem do seu trabalho e, deixar um apelo à direcção da RTP para que não nos deixe à mercê daqueles que, a coberto de uma maior oferta no mercado audiovisual, se apresentam a concurso sem as condições mínimas para exercerem dignamente esta actividade."
 
A situação destes profissionais é ainda mais delicada tendo em conta os vínculos precários com que estavam a exercer as suas profissões. Falamos de trabalhadores por conta de outrem, só um contrato de trabalho lhes garante os seus direitos, e facilita, neste caso, a recuperação das remunerações em falta.
 
Continuamos disponíveis para dialogar com a Just Up, e esperamos que em breve seja encontrada uma solução que permita a conclusão da produção. Da nossa parte, tomaremos em conjunto com os trabalhadores as medidas necessárias para garantir o pagamento destas remunerações.